Da Comunidade Primitiva ao Excedente Econômico
Meta Descrição: Entenda como o trabalho humano evoluiu desde as comunidades primitivas até o surgimento do excedente econômico, transformando radicalmente as relações sociais.
Introdução: O Que Diferencia o Trabalho Humano?
Atividades que atendem a necessidades de sobrevivência são praticadas em todas as espécies animais. Podemos pensar no ciclo de vida dos insetos, roedores e pássaros e observar que as atividades realizadas por esses animais se originam e se apresentam na natureza de maneira estritamente instintiva.
Podemos observar, por exemplo, que o João de Barro constrói sua moradia de forma instintiva – isso promove sua sobrevivência e o protege de seus predadores. Mas e o ser humano? O que torna nosso trabalho diferente?
O Trabalho Como Transformação Consciente
O trabalho é a transformação realizada no mundo por meio da atividade humana, que foi se desenvolvendo ao longo do tempo e rompeu com o padrão natural das atividades.
Diferentemente dos animais, o trabalho humano não se realiza cumprindo determinações genéticas. Ele exige habilidades e conhecimentos que se adquirem, de modo geral, por repetição e experimentação transmitidas por meio do aprendizado.
Sabemos que as sociedades são compostas por seus membros e que transformam materiais naturais em produtos que atendem às suas necessidades – e é nessa transformação consciente que reside a essência do trabalho humano.
As Comunidades Primitivas: O Início da Organização Social
O Surgimento dos Primeiros Grupos Humanos
Os primeiros grupos humanos surgiram na Terra há cerca de 120 a 200 mil anos. Eles povoaram diferentes territórios e, por conta disso, esses diversos grupos experimentaram variadas formas de evolução social.
Características das Sociedades Primitivas
Denominadas de comunidades primitivas, elas apresentavam características específicas:
- Viviam em abrigos precários
- Alimentação baseada em vegetais e caças eventuais
- Compartilhamento de todas as atividades
- Divisão igualitária dos recursos
A Evolução Tecnológica Inicial
Com a produção de materiais mais aperfeiçoados, o cenário começou a mudar:
- Arco e flecha para caça
- Redes de pesca para captura aquática
- Canoas e remos para navegação
- Ferramentas diversas para trabalho
Gradativamente, os grupos começaram a transformar o cenário de escassez por meio do compartilhamento das atividades e dos frutos gerados por elas entre todos os membros.
A Sociedade Igualitária Primitiva
Ausência de Propriedade Privada
Por todas as atividades serem comuns a todos, seus resultados eram divididos e não existia a propriedade privada. Existia nesse período histórico uma igualdade que era resultante de uma carência geral e da distribuição igualitária do pouco que se produzia.
Organização Social Básica
Não existia diferenciação social – havia apenas uma repartição de tarefas entre os gêneros humanos. Tal cenário perdurou por mais de trinta mil anos e gestou os elementos que tornaram possível sua dissolução:
- Domesticação dos animais
- Surgimento da agricultura
A Revolução Agrícola: O Ponto de Virada
O Sedentarismo
Em geral, essas transformações aconteceram primeiro nas comunidades primitivas que trabalhavam mais diretamente com pastoreio e plantações e, portanto, tornaram-se sedentárias em determinados territórios.
Dados antropológicos sinalizam que essas transformações são datadas de 5.500 a 2.000 a.C. e alteraram profundamente as relações dessas comunidades entre si e sua prática de convívio com a natureza.
O Marco do Desenvolvimento Humano
O marco sinalizador do desenvolvimento do processo de trabalho foi o surgimento do excedente econômico, que apareceu pela primeira vez nas comunidades primitivas.
Excedente econômico é a produção social que ultrapassa as necessidades imediatas do consumo da sociedade.
O Excedente Econômico e Suas Consequências
Como Surgiu o Excedente?
A partir da criação de ferramentas, as comunidades passaram a produzir de forma mais eficiente e rápida, não conseguindo consumir todos os produtos a tempo de produzi-los novamente. A partir dessa situação, começaram as relações de troca.
Características das Sociedades com Excedente
Essas sociedades foram inicialmente marcadas por:
- Relações de igualdade
- Ausência de divisão em classes
- Objetivo de cooperação e ajuda mútua
O Surgimento do Escambo
O aparecimento do excedente econômico possibilitou a atividade de trocas entre os grupos, conhecida como escambo.
Escambo significa a troca de mercadorias por trabalho.
O Fim da Comunidade Primitiva: Um Divisor de Águas
O aparecimento do excedente econômico culminou com o fim da comunidade primitiva e foi um divisor na história da humanidade. Ele propiciou:
- Desenvolvimento das forças produtivas
- Aumento da produtividade no trabalho
- Atividade de trocas entre os grupos
- Apropriação pela exploração dos produtores diretos
Este marco é de grande importância para entendermos como foi o início das relações humanas em maior escala, quando passou a ultrapassar os limites da organização familiar e avançou para relações mais complexas entre outros grupos.
Reflexão Final: As Bases da Sociedade Moderna
A transformação das comunidades primitivas igualitárias em sociedades com excedente econômico plantou as sementes das estruturas sociais que conhecemos hoje. O surgimento da propriedade, das trocas comerciais e da diferenciação social tem suas raízes nesse período crucial da história humana.
Compreender essas transformações nos ajuda a entender:
- Como o trabalho moldou a sociedade
- Por que existem desigualdades sociais
- De onde vêm nossas estruturas econômicas
- Como podemos pensar em futuros mais justos
A história do trabalho é a história da humanidade – e conhecê-la é fundamental para construirmos um futuro mais consciente.
Glossário
Comunidades Primitivas: Primeiras formas de organização social humana, caracterizadas pela igualdade e ausência de propriedade privada.
Excedente Econômico: Produção que ultrapassa as necessidades imediatas de consumo.
Escambo: Sistema de trocas diretas de mercadorias ou trabalho sem o uso de moeda.
Sedentarismo: Estabelecimento fixo de grupos humanos em territórios específicos.
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